Desembarque

Já passava às duas da tarde. O sol se apagou em uma sombra sobre os detalhes de vidro da porta. Nem havia constatado caos, entretido pelos chuviscos a passear pelo talk show na tevê. A campainha foi o primeiro passo além de meus limites. Cerca essa moldada pelas mãos de olhos-verdes. Pela mesma, acabara de ser destruída. Confesso, excitei e ate troquei olhares com minha condição. Não tinha volta, meu alguém ia guiando passos soltos em uma direção única; um imã. O olho mágico, feiticeiro de sempre, derrubou ladrilhos em sorriso sincero. Abri a porta.

Sentou-se no mesmo sofá no qual havia me plantado a cinco, seis anos atrás. Evitei o pensamento concentrado pra favorecer meu espírito masoquista. Esquecer motivos sempre foi meu maior defeito contra mim mesmo. Em poucos minutos estávamos ambos entregues às risadas ingênuas mergulhadas em vodka pura. Cruzou as pernas, fez cara de mal e quase que me cai à ficha do filme que já vi varias vezes; e constantemente assisto lembrando do final só depois que passo por ele outra vez.

Em algum momento entre a insanidade alcoólica e a falta do que fazer me pega mais sentimental do que de rotina. Agora sim, conheço o chão que dá fim ao abismo de outrora. Pensamentos vão corroendo meu passado e futuro... O presente acaba cheirando a queimado, bem na hora. Ela, contrapartida tira um escudo da bolsa e começa a desintegrar cada palavra dupla com sentido único que sai de meus olhares. Lua acabou de entrar.

Beijo e ate logo; nem tocou no quarto fechado da casa. Perdera a chave...ou então nem lembra que dormiu aqui por tanto tempo.







*rascunho de tempos atras.

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