Sabe lá

Aqui,onde já não caminho com minhas proprias pernas.Não vejo como antes,não beijo.Não tenho sintomas.Meu coração ronca,implora por nossos planos,nosso ceu estrelado.Diante da porta aberta,completo a cena com silêncio pleno.É nosso combinado,mas machuca.

Damage'01

Alarme;e aos poucos os nós foram se desfazendo.As luzes começaram a se apagar.A velocidade diminuiu.Repetiu-se o refluxo.O reduto dos poucos.Escondeu-se o mágico.Ali parado,de braços aberto com remetente rabiscado.Era só o final preciso.A vitrola caiu no chão.Sobrepõe o fio do telefone entre as mesas.Pouco se sorri.Estrelas tomam para o lado pessoal;cadênte.O telhado cede.Sede necessaria à se reconstruir.Nascer em céu azul,mas antes colher nuvens de vontade menor.Arrastando os dedos sujos de sangue pelo corredor,gritou a chama ate tornar-se cinza.
De olhos abertos colidiu imundisse e ponteiros de relogio.Ainda em desassossego,fraqueza jogou-se por entre as cortinas da sala.Derramou sol forte em cada cicatriz,sem temer pelo pós-operatório.Pois-se a lembrar de seus esquecimentos.

Sem vista para o mar

Se sobrasse espaço para olhar por entre os tijolos,explodiriamos termometros.Pupilas dilatadas acenando para o trem que chega e parte,levando miolos.Deixando ao meio qualquer rastro de sua informação.O relogio andou perdendo sua função para os astros.Ficamos assim,meio ao caos e harmonia.Felizes pelo resto do livro.Toquei seus cabelos e sumiu no ar.Desapareceu o resto de qualquer complemento.

De boca cheia

Já passava o meio sol,não mais questão de educação.Os fatos se rastejam sobre nossos bons modos.Além do tato,do mal olhado.O que não funciona e nem faz questão.Vai à frente dos seus cabelos brancos.De sua boa criação.Somos quem queremos ser,atirando pedras.Então abaixo o meu volume.Para ser menos enfatico,menos sincero.Repetindo semblantes,bem calado.Afinal de contas,eu não tenho tempo para nossa guerra fria.

Farelos à meia-noite

Chegou na hora certa.Aproveitou o embalo do barman e sorriu dizendo:dois.Então,as luzes pararam de piscar.Chuva de papel picado ao contrario.Um segundo de amor,depois correnteza;rio abaixo sem razão.Afinal,aqui o curta metragem esta sempre em cartaz.Mesmo com atores já mortos e enterrados.Exagero em meias porções para tempero na falta de assunto.Estouraram nossos sonhos como bolhas soltas no jardim.Ja devo ser imune a sua nicotina,devo estar alucinado.Mas por mais que a mesa se encha de copos secos,não é fisicamente possivel remover seu nome de cada parte do meu corpo.Voltamos no tempo,antes de qualquer toque não planejado.Sob sol forte,saimos de casa de sueter,galochas e guarda-chuva,esperando por uma tempestade que não é.Não quer.

Duzentos por hora

Entre a insanidade e a certeza,mantenho carro seguindo pelo estrada.Com um pneu em cada pista.Fico assim,meio respeito meio contramão.Correndo perigo em cada curva.Sem perder os sorrisos que brotam na linha do horizonte.

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Abaixei a cabeça e caminhei.Em passos curtos,incertos pegada por pegada.Com um vazio interno,um pouco menos de mim mesmo.Vim caminhando,engolindo cada pedaço de meu ultimo romance.Na divisão dos bens,cada um ficou com sua metade da lua.Inundados em entrelinhas e fim.

Dados viciados de estimação

Vem de fora,vem da janela aberta o aroma de futuro bom.Chegou assim;meu destino traçado em riscos vagos.Pronto à ser cortado,talhado em mil pedaços e distribuido.Foi pela janela o pesadelo que dividia meu travesseiro ao meio.Junto com a fumaça do cigarro queimando aos poucos cada parte inteira e interna de um mal,mal feito.Elaborado aos poucos aos moldes de qualquer quase-vilão.Daqueles que atravessam a rua no lugar errado,mas só por não saberem da existência da faixa de pedestre.Aqui,deitado no meio desse lugar que tem a nossa cara,eu olho pra cima e ainda vejo só,uma estrela.Cercada por nuvens que só ameaçam,mas na verdade nem chovem.Então conte seus dias,seus pensamentos ilicitos e alimente seu jardim.Quatro jornais jogados à porta,e os moveis do lado de fora da casa,ja se perdem em poeira.Mas é assim que derretemos satelites.Somos pela sorte,e pelo azar tambem.Que espetaculo é nosso nome do meio,e o palco não tolera limites.Eu te amo,por nosso tesouro estar sempre escondido.Pelo nosso acaso delicioso de estar sempre aonde deveriamos estar,de braços abertos.

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Com ar de quem entende sobre não entender,
vou tomar meu café antes que esfrie.