Cirque

Só para contabilizar que a garrafa era uma só, e que as estrelas pintavam norte à sul. O veneno do querer foi aos poucos alastrando pelos poros, pela camisa, calça e o que mais estivesse por perto. Agora a sacada inteira tem fotos que eu nem pensei em ter em mãos outra vez, mas fazem brotar sorrisos e gosto bom.

Tatuagem

Meio a esse turbilhão de coisas que tem acontecido, parei tudo para captar todo significado dessas lagrimas que brincam pelas curvas do rosto. O filme, nosso filme... quanta coisa a gente passou junto, descobriu junto. A forma como eu te tenho como a tinta que deu vida a cada canto desse quadro, cada traço do meu carater que fui colocando para fora sempre relacionado a você, direto ou indiretamente. Minha saudade agora tem espinhos, para mostrar que o tempo não para e além de tudo não volta. Tenho certeza que sempre vou voltar correndo para os nossos mínimos quinze minutos livres na arquibancada, rindo de nossas inseguranças. A bolha que nos levou a outros mundos. Os laços que vão nos distanciando; sua mão escorrega da minha e aqui vamos nós, separados. Milhares de flashs e um permanece; você equilibrando no rodapé da calçada de braços abertos com um sorriso timido no rosto, eu atras, tentando aprender por suas segundas vozes. Quanto mais o tempo vai passando, comprovo o naufragar das minhas certezas, mas quer saber, se eu pudesse escolher o significado do que quer que seja amor, definiria como isso tudo. O cigarro vai queimando e eu me sinto nulo, por tentar escrever sua importancia mais uma vez, algo que provavelmente nunca consiguirei contar sintetizando as frações de segundos, as horas, os anos. Porto abandonado, aceno pro lado contrario, a sua embarcação, e dói e me faz querer sorrir o melhor sorriso do mundo, desejando sorte e amém.

Página um, página mil, página um.

Cheirava a arrependimento e amigos imaginários, e ainda sim alavanquei passos a diante. Era Lua cheia e se rolassem dois dados, somaria doze. Mas cheirava desgosto e falta de educação. As garrafas ficaram vazias e os cigarros tornavam-se penas prestes a esparramar palavras pela folha em branco, pela mesa, por nossas mãos ou aonde quisesse. E começava a cheirar boa intenção, melhor que isso, já exalava intenções incontaveis, palpáveis queimando como o sol ao meio dia. Eu odeio meu relógio. Depois do boa noite sussurado letra por letra, neve intensa. Silêncio, lado esquerdo da cama arrumado e procura desesperada pelo sentimento de saudade, que ate veio, mas foi embora voando, sem deixar número de telefone. Pela manhã café doce demais. Cheirava a arrependimento e amigos imaginários.

Algemas, chicotes e couro

De frente para a porta branca, tenho a impressão de ter posto no bolso furado os argumentos decorados em casa. Na verdade deixei pelo caminho. Medo de me perder, de não saber voltar. De uns tempos pra cá, desenvolvi certa simpatia pela corda em meu pescoço. O espelho põe a verdade em um foco diferente. E nem venha com esse papo de me pressionar, não funciono melhor assim...não sei o que tem ocorrido. O fato é que esta demorando, talvez não queira visitas. Como assim? Não vou deixar toda essa tensão de lado. Quero perder a fala agora, como no combinado.