Pós-platônico

Eles tocariam a sua musica preferida se você esperasse ate o final da festa.E se tivessemos sorte,tudo teria sido desigual.A sala de espera é pedra e ponte.Eu ainda quero cada pedaço desse quebra-cabeça invertido.Eu quebro sua lingua e suas bochechas tambem.Quero sua nuca.Cada pedaço do seu tato.Seus movimentos bruscos e seus arrepios em momentos minimos.Quero seus livros,seus discos e sua paz.Antes de qualquer rodopiar em nuvens secas.Traga-me loucura, que se for o caso te afogo em sanidade. Traga talheres. Levo cobertores. Me perco nas linhas, nos temporais. Nas cidades vizinhas que se encobertam por meus sonhos detalhistas com carater social. Tenho um apego sem fim por nossos castelos.É,aqueles que a gente constroi só pra destruir depois.Pelo prazer de pelo menos esbarrar nossos braços em qualquer rua.

Ao belo,pincéis e contra-senso

Deixando de lado qualquer semelhança,Rita acorda sempre com o pé direito preso à seus acasos.Sente a noite anterior por inteiro,dividida em duas:ocupação à cada ombro,é claro.Desfaz-se em sobresonhos e arrisca alguns passos além da cama.Descalça mas como com salto agulha.Até por que se karmas fossem tão descomplicados,não precisariam participar da festa toda.O espelho coração de pedra,mostra um rosto desfigurado,de quem jamais quis rolar dados aleatórios em qualquer situação,mas acabou fugindo a regra.Por um segundo,de olhos fechados,caminha por todo filme e cansa de ser.Percebe que a outra metade da cama não esta arrumada,ainda pasma,percebe que não tem a menor ideia de onde está.Sorrindo,pega suas coisas e fecha a porta.

Despausado

Sem querer eu olhei pra janela e só
havia uma estrela mergulhada no final
Sorri e ate joguei longe os sapatos e meias
Corri descalço pra te abraçar
Te abraçar
Chuveu a nossa chuva
Tocou a musica
E nós dois sorrimos sem qualquer preocupação
O dia nasceu lindo,por você
Outra vez.

Antes de voltar

Esperando pelos jornais de ontem,para redescobrir nossas realidades extremas.Quando só o cheiro já servia para uma revolução.Estavamos sempre pelos cantos,lavando nossas almas em chuva plena.Deixando o mundo de lado só pra sair da rotina.Levo ainda tudo no porta-luvas;que fotos tambem aquecem.O vidro do carro aberto,à duzentos quilometros por hora, é só mais uma prova de amor.

Pólvora

Veio seguindo seu rastro.Queimando por etapas.Passo-à-passo com ilusões insustentaveis;noite à fora.Seca-se a boca e entope o cinzeiro de rascunhos mal acabados.Quando os primeiros raios amarelados flertarem com a linha do horizonte,o quebra cabeça vai se desfazer em papel presente rasgado.Olhares repletos de certeza vão desfalecer em pessimos reflexos.Empoeirando todas as ruas da cidade,estaram os restos de um sonho que um dia sentiu-se realizado.

Amarelo

Disse bom dia à janela.Sem querer ela me respondeu nuvens sobre céu azul.Batemos os copos logo depois.Como quem explode guerra fria e transpira suspiros intensos.Ela se fechou,eu desci cortinas.Ainda de sapatos e meias.

Duzentos e trinta e seis,por quatrocentos e cinco

Longe; fabricam esperanças à quilometros daqui.Vem pelo vento o gosto do sorriso chovendo, escorrendo pelas calçadas.Tirei meus sapatos e meias, deitei sobre nosso destino e adormeci. Emaranhado de entrelinhas e segundos cadernos,invadiram a porta da frente sem a menor piedade.Acordei com fotos nas mãos.Coloquei sapatos e meias.

Fadado ao desmanche

Bate aqui dentro um querer estreito;da casualidade mais ou menos envolvida,do cansaso com regalias e flores à flor da pele.Sabe lá o destino de quem te encontrar pelas ruas da cidade da luz.Depois de tanto nadar,chega-se a praia e pronto.Nem morte,nem vida.Recupera-se sentidos aos poucos,impressões nem tanto.Coma que engoliu as ondas todas de uma vez e agora salta sem paraquedas.Do alto,ainda vejo...e o problema esta em quando se anseia ver mais.

-

Explode aqui,tudo o que não deve ser.O que não deve respirar;não deve pensar.Sorrir não transgrite.Não no formato minimo,no dente sobre dente.Ate sem querer.Foi ao chão.

-

Sobre movimentos bruscos,ainda tenho muito o que aprender.Como contar estrelas sem derramar vermelho janela à fora.Acordei assustado.A porta nunca fez tanto barulho assim.Ecoava pelos cantos a sede,e a parede foi se descascando em cacos de vidro.Cortando o horizonte de quem ousava adentrar.Deitado sobre o espelho com alguma impressão,matei à queima roupa os sonhos da caixa em formato de coração.

Num pote,sobre a geladeira

Escondido no acaso de qualquer lugar;vai-se ouvir o grito do destino,do que tiver de ser sera.Com a força de quem escreve na alma...se nao por agora,mas por tudo que passou ou ainda vai passar;eu te amo.

Polo possessivo

Tem gosto de rosto no ar que vem do norte.Fica a impressão de que o que passa vai;segue sem querer.Nunca foi assim.Preciso de dois copos.Um para agora;outro para quando esse acabar.Antes de dormir é bom.Cadê minhas cortinas?Por favor,coloca de volta.Mas deixa aquele espaço;sempre tem a hora do sol.Do ceu azul e do seu sorriso caindo pelas paredes ate acertar a metade de mim que vem por você.Tem um sofá na sala.Tem cameras por todo lado,cuidado com nosso crime.Agora larga meu destino;anda pelo seu.Mas vamos pela mesma pista de dança?Me da um cigarro,se ainda tiver.O ultimo não,obrigado.Cade as chaves que guardei por tanto tempo?Vai,deixa o drama e dança essa comigo.Só mais essa;só enquanto tem gelo no martini.Garçon,tras a conta.

Chove

Tudo ou nada;
agora ou daqui a pouco,depois dos comerciais.

Crime do desassossego.

Tracejo os dois lados da moeda em mesmo plano.Numa tela branca e defeituosa;que de tanto brincar de rascunho,carrega marcas eternas.Coleciono potes de tinta fechados enfim.Poupo quadros,limites e porta-retratos.Jogo sempre,e costumo me entediar.Pego a bola e vou embora.Tenho terremotos no bolso,estampados em formato de sorriso.Minhas malas estão prontas.Roubo um pedaço seu e saio pela janela do banheiro.

23:23

A mais bela flor do jardim,fora arrancada a tempos.Com petalas de um vermelho intenso,desses de aquecer ate quem não quer.Sempre regada a agua e sal,por qualquer falta de bem querer certo.Tem sonhos,que disfarça com maquiagem.Tem amor escorrendo do cabelo aos pés.Se alegra nas brisas que vem de longe,e move pés soltos sobre o mundo.Como em um balanço de arvore,sem machucar ninguem,a escolher realidades por um futuro mais azul e sem nuvens.

Desembarque

Já passava às duas da tarde. O sol se apagou em uma sombra sobre os detalhes de vidro da porta. Nem havia constatado caos, entretido pelos chuviscos a passear pelo talk show na tevê. A campainha foi o primeiro passo além de meus limites. Cerca essa moldada pelas mãos de olhos-verdes. Pela mesma, acabara de ser destruída. Confesso, excitei e ate troquei olhares com minha condição. Não tinha volta, meu alguém ia guiando passos soltos em uma direção única; um imã. O olho mágico, feiticeiro de sempre, derrubou ladrilhos em sorriso sincero. Abri a porta.

Sentou-se no mesmo sofá no qual havia me plantado a cinco, seis anos atrás. Evitei o pensamento concentrado pra favorecer meu espírito masoquista. Esquecer motivos sempre foi meu maior defeito contra mim mesmo. Em poucos minutos estávamos ambos entregues às risadas ingênuas mergulhadas em vodka pura. Cruzou as pernas, fez cara de mal e quase que me cai à ficha do filme que já vi varias vezes; e constantemente assisto lembrando do final só depois que passo por ele outra vez.

Em algum momento entre a insanidade alcoólica e a falta do que fazer me pega mais sentimental do que de rotina. Agora sim, conheço o chão que dá fim ao abismo de outrora. Pensamentos vão corroendo meu passado e futuro... O presente acaba cheirando a queimado, bem na hora. Ela, contrapartida tira um escudo da bolsa e começa a desintegrar cada palavra dupla com sentido único que sai de meus olhares. Lua acabou de entrar.

Beijo e ate logo; nem tocou no quarto fechado da casa. Perdera a chave...ou então nem lembra que dormiu aqui por tanto tempo.







*rascunho de tempos atras.

10:59

Se um dia a loucura romper o ultimo fio e tomar conta de mim,vou perder os meus relogios.Tragar pessimos reflexos sem medo da insanidade.Fincar bandeira por toda sua lua.Tambem sei que a rotina vai me perturbar,que navios são movidos à agua e sal.Vai tocar aquele ultimo refrão que alguem cortou das radios.Então quando café esfriar,virar sorvete,as cortinas vão seder pelo calor que vem de fora.No final de toda leitura defenestradora,vou perceber que quem renasce são as cinzas;minha fenix é só figuração.