Neon

Sua mão suava e seus olhos percorriam leste a oeste, todo o ambiente. Esperava aflito por Catherine. A possibilidade perfeitamente cabível de um desencontro planejado estava praticamente concretizada. Com vinte e sete minutos excedidos, contados segundo a segundo, o sapato salto alto preto adentra a porta do bistrô, seguido por toda obra: pernas, curvas, cabelo longo e, é claro, olhos verdes. A troca de olhares imediata já dispensara toda palavra que correria a tarde regada à café e cigarros. Sentou-se frente a ele e sorriu desespero disfarçado, ainda sim esbanjando encantadora felicidade. Tocou suas mãos e estavam congeladas, como as dele. Não houve calor, esfriaram-se ainda mais. Sentiu saudade das cartas, da distância, do prazer em imaginar sem o atropelamento de qualquer realidade. As horas criaram asas. Alguma agonia passou a reinar na mesa: prestes a se separarem novamente, dessa vez sem trocar endereços, sem data de volta. Abraçou-a e perdeu a queda de braço contra suas lagrimas. Estas contornaram sua face ate tocar o ombro dela. Na vitrola a velha canção amaciava: “Quem pode negar? Estamos no topo”. De alguma forma, sempre eles. Sempre.

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